PURGADOR BIMETÁLICO x TERMODINÂMICO: ECONOMIA ENERGIA!
O constante aumento dos custos de todos os combustíveis utilizados na geração de vapor merece uma atenção especial pois impacta diretamente nos custos de fabricação e na lucratividade das empresas.
Em instalações de vapor, os purgadores são acessórios obrigatórios e responsáveis tanto pelo rendimento quanto pela economia de energia. Entretanto, pouca atenção é dispensada no momento de aquisição dos mesmos e, na maioria das vezes o fator principal tem sido o valor de compra. A questão de ECONOMIA de ENERGIA é fundamental para a , o que nos levou a preparar este informativo cujo objetivo é alertar aos usuários e empresas sobre a necessidade de analisar outros fatores além do valor de compra para a tomada de decisão quanto ao melhor tipo de purgador ou tecnologia. Deve-se sempre ter em mente que:
INVESTIMENTOS SÃO ESTÁTICOS, OCORREM UMA ÚNICA VEZ!
DESPESAS OPERACIONAIS SÃO DINÂMICAS, OCORREM TODOS OS DIAS!
A escolha do purgador ideal para cada aplicação deve levar em consideração tanto o CUSTO de AQUISIÇÃO (estático) quanto o CUSTO OPERACIONAL (dinâmico) e aqui, mostramos os resultados obtidos pela GESTRA (empresa alemã com 120 anos de existência) em um programa formal efetuado em sua fábrica em Bremen, Alemanha, com o uso de bancada e procedimentos de testes em 2 tecnologias distintas (Termodinâmico e Termostático) com padrões e certificados pela TÜV (*):
- ASME PTC 39-2005
- DIN EM 27 841
(*) TÜV Rheinland é um organismo de certificação, inspeção, gerenciamento de projetos e treinamento sendo uma das principais provedoras de serviços de testes do mundo, fundado na Alemanha em 1872 com o objetivo de proteger os trabalhadores de acidentes ocorridos nas instalações de caldeiras a vapor.
Purgadores podem apresentar 3 tipos de perdas:
- Perdas Operacionais (Consumo de energia para operar);
- Perdas por irradiação através da superfície do corpo para o ambiente;
- Perdas de vazamentos internos de vapor.
Aqui, vamos tratar dos Consumos ou Perdas Operacionais.
Uma extensa série de testes foi aplicada em cada tipo de purgador considerando:
- Diversas pressões de operação
- Várias cargas de condensado
- Posições de instalação na Vertical e Horizontal
- Diversos fabricantes, tecnologias e modelos de purgadores
- Purgadores sem falhas de operação (vazamentos e/ou bloqueios)
Purgadores tipo TERMODINÂMICOS:
VANTAGENS | DESVANTAGENS |
---|---|
Investimento inicial baixo | Sensível às altas contrapressões |
Uma única peça móvel | Sensível às condições ambientais (calor, frio, vento, chuva) |
Compacto | Abertura devido às perdas de energia para o ambiente. Não é a presença de condensado que comanda a abertura (*) |
Diagnóstico de operação simples, não necessita de equipamento sofisticado | Eliminação de Ar deficiente |
Suporta Golpes de Aríete | Consome vapor vivo para operar |
Sempre quebra aberto salvo se entupido por sujeira | Vida útil curta |
Não reparável (Depende da Marca) | |
Posição de instalação determinada | |
Descarga de condensado abaixo da temperatura de saturação | |
Descarga intermitente |
Purgadores tipo TERMOSTÁTICOS BIMETÁLICOS:
VANTAGENS | DESVANTAGENS |
---|---|
Consumo operacional de vapor <b>= ZERO</b> | Inadequado para diferenciais de pressões baixos |
Ótimo eliminador de Ar | Descarga de condensado abaixo da temperatura de saturação. Diferencial Δt depende sempre do fabricante |
Dupla força de vedação (estanqueidade) | Resposta de atuação não imediata |
Suporta Golpes de Aríete | |
Qualquer posição de instalação | |
Pode sofrer manutenção | |
Vida útil longa | |
Não afetado pelas condições ambientais | |
Eficaz para pressões muito altas (4.000 psi) | |
Excelente em vapor superaquecido | |
Descarga modulante |
TESTES DE PERDAS (CONSUMO OPERACIONAL) DE VAPOR:
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E CUSTO DOS PURGADORES:
Como indicam claramente os resultados acima e, amplamente constatado pelos principais fabricantes de purgadores, o tipo Termodinâmico consome vapor vivo para operar enquanto que, no tipo Bimetálico, este consumo é ZERO.
Vamos considerar os dados abaixo para efetuar uma análise comparativa de custo do uso entre os 2 tipos:
VANTAGENS | DESVANTAGENS |
---|---|
Consumo operacional de vapor <b>= ZERO</b> | Inadequado para diferenciais de pressões baixos |
Ótimo eliminador de Ar | Descarga de condensado abaixo da temperatura de saturação. Diferencial Δt depende sempre do fabricante |
Dupla força de vedação (estanqueidade) | Resposta de atuação não imediata |
Suporta Golpes de Aríete | |
Qualquer posição de instalação | |
Pode sofrer manutenção | |
Vida útil longa | |
Não afetado pelas condições ambientais | |
Eficaz para pressões muito altas (4.000 psi) | |
Excelente em vapor superaquecido | |
Descarga modulante |
CÁLCULO do CUSTO pelo TIPO de PURGADOR:
VALOR COMPRA (R$) | TIPO (Ø ½”) | VIDA ÚTIL (anos) | CONSUMO OPERACIONAL (kg/h) | CUSTO VAPOR Unit.(R$) | CUSTO VAPOR anual(R$) | CUSTO TOTAL PERÍODO 3 ANOS (R$) |
---|---|---|---|---|---|---|
815,00 | Termodinâmico | 3 (**) | 2,8 | 0,265 | 3.917,76 | 11.753,28 |
1.800,00 | Bimetálico | 3 | 0,0 | 0,265 | 0,00 | 1.800,00 |
Obs.: Com 10 unidades em operação, a economia em 3 anos será de R$ 99.532,80. Podemos calcular a economia em uma planta com milhares de purgadores termodinâmicos não bimetálicos instalados!!
(*) Custo estimado com uso da calculadora dinâmica de custos do site www.termyka.com.br
(**) A vida útil do tipo Termodinâmico na condição analisada, raramente ultrapassa a 1 ano. Na publicação do Instituto Brasileiro de Petróleo IBP61104 COPPED IMPORTÂNCIA DO PURGADOR DE VAPOR NOS PROGRAMAS DE CONSERVAÇÃO DE ENERGIA de Francisco E. de C. Siqueira e Carlos Rodrigues Pereira Belchor, os autores informam que, diversos ensaios que podem ser comprovados através do uso de uma bancada calorimétrica, atestam perdas da ordem de 10 a 36 kg/h de vapor vivo após 1000 horas de funcionamento desse purgador. (https://www.osti.gov/etdeweb/servlets/purl/21110337) Trabalho apresentado no Rio Oil & Gas 2004.
CONCLUSÃO
Fica óbvio que, o valor de aquisição não pode ser o fator decisivo na compra deste acessório pois o custo operacional normalmente é muito mais significativo na composição do preço.
Existem diversos tipo e tecnologias de purgadores disponíveis no mercado para atender uma gama muito ampla de aplicações e, outros tipos além do Termodinâmico possuem consumo operacional de vapor como por exemplo o Purgador de Balde Invertido.
O tipo Termostático é sem qualquer dúvida o mais eficiente em termos de energia mas, para cada aplicação, deve ser especificado o tipo mais adequado o qual, pode ser inclusive um que possua algum consumo operacional.
É uma questão de analisar o melhor Custo x Benefício!
O que podemos afirmar com muita certeza é que, sempre que encontrar instalado um purgador tipo Termodinâmico, qualquer que seja a aplicação, este pode e deve ser substituído pelo tipo Bimetálico (mesmo que não seja o mais adequado à aplicação) com as vantagens e restrições apresentadas além do custo operacional.
Exceção à esta “regra” é na drenagem antes de Turbinas.
A mudança de tecnologia é amplamente justificável!
Não se pode esquecer ainda que, cada marca constrói este tipo Termostático com suas características próprias onde, o Δt (em relação à curva do vapor saturado) é o maior diferencial entre os fabricantes e estas, devem sempre ser tecnicamente avaliadas para a melhor escolha.
FABRICANTE | MODELO BIMETÁLICO | TEMPERATURA ABAIXO DA SATURAÇÃO (°C) |
---|---|---|
GESTRA | BK 45 | 10 |
ARI (BERMO) | CONA B | 10 |
SPIRAX SARCO | SMC 32 | 17 |
TLV | LEX3N | 15 |
Obs.: Na tabela acima, mostramos 4 marcas que atuam no mercado nacional, com informações obtidas na internet, em folhetos técnicos ou curvas, com as características dos purgadores Bimetálicos em aplicações similares.
No comparativo, o 1º e único argumento que os fabricantes da tecnologia a ser substituída (no caso o Termodinâmico) utilizam é de que o tipo Termostático “alaga”. De fato, dependendo da marca do purgador, isto deve ser considerado bem como que, o purgador Termodinâmico também descarrega o condensado abaixo da temperatura do vapor saturado (também alaga) pois sua abertura é comandada pela transferência de energia para o ambiente e não pela chegada e presença de condensado.